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Dona *

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Dona - Roupa Nova
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* As informações sobre a canção e a imagem estão logo abaixo do texto. 

Estava sentindo uma saudade dela que não cabia em palavras. Talvez nas mesmas músicas que repetia ad eternum e tornavam a dor mais aguda. Masoquismo puro isso de ressaltar nossas misérias com trilha sonora. E eles tinham um pout pourri bem significativo. Como passeavam de Bossa Nova ao folk irlandês, não faltavam opções para burilar a dor.

Ouvia “Tarde em Itapuã” e se lembrava das considerações dela acerca da Bossa Nova, da suavidade de outros idos quando as pessoas tinham tempo de conversar. Queria ter nascido em outra época. Não gostava da frieza das comunicações digitais. Desejava mesmo era sumir com o celular. O emprego não deixava. Se pudesse, também se livraria dele.

Admirava isso nela, o desprendimento, a vontade de quebrar regras e de escrever a sua própria história. Não tinha um perfil igual. Gostava da rotina, do “Cotidiano” de Chico Buarque. Ela tinha pavor desta música. Na verdade, odiava as mulheres do Chico. Era mesmo a “Dona” do Roupa Nova, a “Vitoriosa” de Ivan Lins.

Talvez se tivesse escutado melhor estas canções, se tivesse se dedicado a entendê-las como ao Chico... Agora não estaria ouvindo “Atrás da porta” e buscando na janela o olhar que se perdeu.

 

“É a moça da Cantiga
A mulher da Criação
Umas vezes nossa amiga
Outras, nossa perdição

O poder que nos levanta
A força, que nos faz cair
Qual de nós ainda não sabe
Que isso tudo te faz
Dona!”

* A imagem escolhida para o conto "Dona" pode ser encontrada em https://negativespace.co/hot-air-balloon-night-sky-moon/. Balões sempre me dão uma enorme sensação de liberdade e imprevisibilidade. Talvez como a Dona do conto. Sobre a canção, ela é de Sá e Guarabira e Rodrix e foi gravada em 1982. Regravada em 1985 pelo grupo Roupa Nova, ela fez parte da trilha sonora da novela Roque Santeiro. A música era tema da personagem Viúva Porcina que, à época, poderia ser considerada bastante à frente do tempo e do lugar no qual vivia. 

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