

Se... *
* As informações sobre a canção e a imagem estão logo abaixo do texto.
** Clique na imagem acima e leia o poema homônimo ao conto.
Deitados na grama, as cabeças sobre os ombros um do outro, os pés em pólos opostos, os pensamentos, os olhos nas nuvens, no céu, os ouvidos abertos para conjecturas.
“O que vem depois da morte?”
“Como alguns casais vivem juntos toda a vida?”
“De que mesmo é feita a nuvem?”
As curtas horas pós festa, pós farra, pós amor. A estranha intimidade do desconhecimento do passado completo e dos defeitos presentes.
“Sempre sonhei em encontrar o amor da minha vida por acaso. Tropeçaríamos na rua à toa e “pá”, naquele olho no olho teríamos aquela certeza: “Cara, é el@!”
“Sei lá, nunca acreditei muito nisso… Romantismo nunca foi minha praia. Nem sei se acredito no amor.”
Um suspiro, um silêncio, uma nuvem de formato diferente, um vento por cima da grama, por dentro da roupa, um sopro no sonho.
“Viagem esta noite, né?”
“Demais, foi boa mesmo!”
“Foi massa ter ficado com você. Foi… assim… intenso.”
“Também achei”.
Um riso envergonhado. Sentados de frente um para o outro, um beijo quente. Menos do que o da noite anterior, a intimidade dissolvendo… A grama sacudida do casaco. O abraço até os carros, os telefones trocados, um selinho de despedida. Um presente que poderia ter sido uma vida.
* No conto "Se", a imagem foi trabalhada em uma foto avulsa de um site de imagens sem direitos autorais. Interessante que ela foi encontrada com a busca de "mãos dadas" e junto dela estavam várias outras imagens de casais se encontrando. Esta foi escolhida porque não dá para saber exatamente se é um encontro ou separação das mãos. Tentei colocar a imagem desfocada e como uma espécie de rascunho, uma história por ser... A canção escolhida é do vocalista da banda A-ha, Morten Harket, e se chama Los Angeles. É a faixa 5 do álbum solo "Wild Seed". Este álbum todo, na minha opinião, é maravilhoso, e amo esta música de forma especial. Um poema sobre amores e suas tribulações, sobre o efeito do tempo... "Se" as pessoas se arriscassem mais, talvez o tempo permitisse histórias mais profundas.
