

Soneto de fidelidade*

* As informações sobre a canção e a imagem estão logo abaixo do texto.
Dizem que o amor é desinteressado. Ele via nela a sabedoria que lhe faltava, o conhecimento dos anos que ainda viveria, a serenidade de quem, talvez, já entendera melhor a vida. Ela via nele o frescor dos vinte anos, os sonhos por desbravar, a urgência de decifrar e engolir o mundo. Ele queria aprender sem pedir por isso; ela, ser quem era e não ter que provar a mais ninguém o que a vida lhe ensinara. Uniram-se assim.
No espelho interno e do mundo, ela se sentiu décadas mais jovem. Nas conversas e na segurança que desenvolvera, ele se julgou homem de fato. Nem sempre era fácil saírem das quatro paredes que os protegiam para encarar inquisidores olhares de “mãe e filho?”. Seguiam.
Dizem que o amor é cego. Ela via nele tantos atributos. Ele via nela tantas qualidades. Com o sem o aval do mundo, foram permanecendo. Venceram seus próprios preconceitos, abraçaram o que amavam um no outro.
Dizem que o amor é eterno. Vinícius dizia que era eterno enquanto durasse. Ela sempre gostou de Vinícius. Ele foi apresentado ao poeta por ela. Puseram em prática por muitos anos o “Soneto de fidelidade”. Antes da morte do amor, preferiram a separação. Não houve luto nem choro, apenas gratidão. Dizem que o amor não guarda rancor. Talvez isto seja a verdade.
* "Love is a many splendored thing" é uma das canções do filme homônimo de 1955. O filme fala de um relacionamento amoroso entre um norte-americano e uma chinesa e o preconceito que eles enfrentam para ficar juntos. Gravada por diversos intérpretes como Sinatra, Nat King Cole, The Four Aces, entre outros, aqui escolhi a versão de Andy Williams. Considero uma das mais intensas interpretações desta canção. A imagem foi tirada desta página: encurtador.com.br/fkyI7. Que o amor seja eterno enquanto dure.